SOPHIA(18/05/06)

Era noite de Sábado e Sophia se arrumava para mais umas de suas baladas noturnas e corriqueiras do fim-de-semana. Tinha o corpo bem definido, pernas bem delineadas, a cintura digna de inveja e o abdômem com marcas da musculação feita diariamente, os seios bem desenhados. A perfeição visível do seu corpo não dificultava a escolha da roupa para a balada, qualquer uma do seu guarda-roupa serviria.

Entretanto, Sophia vinha só a algum tempo e sempre que pensava em sair os pensamentos eram os mesmo. Não conseguia se arrumar no tempo previsto porque os pensamentos não saiam da sua mente e ficavam mais pertubadores a cada modelo que ela colocava e a cada mirada ao espelho. Um tormento!!!!!

Ela decidiu então não pensar na roupa, foi tomar banho, a água escorria pelo seu corpo e ela mantivera a doce ilusão de que os pensamentos que a atormentavam iriam junto, não foram. Lavou os cabelos com o shampoo que os mantinha com um cheiro inconfundível aos amigos, passou óleo de maracujá de uma linha conhecida, na tentativa de se acalmar, deixou a água correr novamente para retirar o excesso do óleo enxugou-se bem devagar. Mas o desespero retomava sua mente, já tinha tomado banho e a escolha estava novamente batendo a sua porta. Contudo, como mulher tem sempre mil malícias como diz Saramago, ela teve uma outra porta de fuga, a maquiagem.

Nunca demorou tanto nesse processo. Seu rosto, sem marcas, sem espinhas, sem olheiras estava pronto, mas assumir isso seria voltar ao tormento da escolha do figurino para a representação mais tarde. Então, passou base, corretivo, lápis nos olhos esverdeados, delineador e pegou o pincel para passar o batom e se deu conta que a maquiagem estava por findar-se. Buscou o batom e ao pegar no mesmo deu-se conta de que este deveria estar diretamente ligado a sua roupa e por fim, percebeu que não tinha mais saída.

Olhou para sua cama e viu a pilha de roupa que ela havia separado desde à tarde na tentativa de escolher uma adequada. Pensou no evento... Era uma Boate... Um forró numa Boate... Ela era bem conceituada...Que roupa!!! foi o grito que sua alma sufocou e guardou pra si.

Os pensamentos passaram a ser uma doce conversa consigo mesma: "Bom como fazer?? Saia e blusa e salto? Não! Isso é piriguete demais, estaria fazendo o estilo sou fácil... Saia de forró bem folgada, camiseta e sandália rasteira? Não! Faria o estilo sou meio riponga e não sou chegada a sexo fácil? Calça jeans, blusa e bota? Não! faria o estilo são joão no interior só estaria faltando a jaquela para o estereótipo estar completo. Ai meu Deus!!! Já sei meu vestido preto básico? Sophia! Acorda! É forró numa boate e não em uma formatura! Mas se for piriguete beijo fácil e muitos, se for forrozeira danço fácil mas não pego ninguém, se for interiorana beijo um no máximo e se for de vestido preto... Ah! não vou de preto delata! Melhor misturar os estilos..."

Depois de quase 50 minutos só na escolha da roupa Sophia decidiu, se arrumou e foi a festa... O saldo da noite???? Vc quer saber???? Bom Sophia ficou tão insegura, tão sem vontade de sair que já chegou à festa cansada, maquiagem desnecessária borrada e se achando feia, o que era quase impossível... dançou com dois, não beijou ninguém e ainda acabou com uma ressaca miserável no outro dia e pagando táxi pra vir pra casa.

E vc???? quantas vezes se preocupou mais com a imagem que queria passar do que com a festa maravilhosa que iria acontecer? Quantas vezes vc esquece de dançar, brincar, pertubar pra representar ou pra pescar amores? Gente, dificilmente, em festa e balada vc encontrará alguém e falo dificilmente porque conheço algumas, poucas, raras e ínfimas excessões... Então curta vc!!!!

A lembraram do batom??? E o que ele teria a ver com a roupa de Sophia? Na mente dessa mulher o batom vermelho era pra roupa piriguete, o rosa claro para a forrozeira e as outras personagens, servindo-lhes também o cobre. Pronto! Explicado.